Parabéns S. Regi – 95 anos
Quero render minhas homenagens a “seo” Regi, hoje, dia 25 de maio, completando 95 anos de idade. Por toda sua história de vida, contada em parte na sua biografia abaixo, ainda saliento lembranças…
Quando criança quantas e quantas vezes não fui comprar pão e ficava admirado com a prática de embrulhar os pães em papel e amarrar com uma prática assustadora (na época não existia as sacolas plásticas e, talvez, nem ainda os sacos de papel). Quantas vezes tentavamos imitar aquela rapidez e aquele laço bem dado…
A “padaria de seo Regi” era a única na cidade. Devido a isso possivelmente todos livramenteses, de algumas gerações atrás, já passaram pelo seu balcão, ou pedindo um pão de sal quente, ou um pão de doce (que na época vinha melado com uma calda de açúcar por cima), ou os famosos “biscoitão”.
Lembranças são lembranças e servem para reviver uma época, geralmente melhor que a presente.
Abaixo a Biografia deste grande ser humano:
Seu Rege, é como todos chamam Reginaldo Tanajura Machado. Nascido em 25 de maio de 1918, na Fazenda Sobrado, em uma casa no pé do morro, acima do Rêgo Grande, na Cidade de Livramento de Nossa Senhora, Ba. Seus pais, Sr. Alfredo Souza Machado e Srª Esterbela Tanajura Machado. Contava com pouco mais de dois anos, quando sua família mudou-se para a Fazenda Valo da Boa Sorte, na mesma cidade.
Sua vida na infância foi marcada pela perda prematura de sua mãe, deixando-o com idade de cinco anos incompletos. Consequentemente a falta dos cuidados materno, acarretou-lhe uma infância muito sofrida e difícil. Após a morte de sua mãe foi morar na Rua do Fogo, com o seu avô materno e chegando a idade escolar, aprendeu as primeiras letras com o Prof. Ubaldo, desde esta época já demonstrava seu uma criança curiosa, criativa e responsável com seus deveres.
Aos oito anos ele já acompanhava seu pai para a lida da roça, adquirindo em pouco tempo o domínio do fabrico da cachaça, uma significativa fonte de renda para a família, desde o corte, a moagem da cana, até o manejo do alambique.
Aos dezoito anos mudou-se para a cidade por motivo de saúde e, já restabelecido, iniciou a arte de alfaiataria, tendo como mestre o Sr. Yoyô Tanajura.
Na crise de 1939 mudou-se para o Povoado de Curralinho, hoje Dom Basílio, e montou uma loja de tecido e de roupas masculina, as quais ele próprio confeccionava.
Devido a escassez de alimento na região retorna a Livramento, para a agricultura, especificamente no plantio do arroz.
Na década de 40 retorna ao comércio de tecido, desta vez em sociedade com seu irmão Francisco Tanajura Machado. Depois de algum tempo desfaz a sociedade, passando para o ramo de perfumaria. Louças, brinquedos e miudezas em geral.
Em 1968 muda para a atividade comercial de panificação, onde ficou até se aposentar, passando o comércio para seus filhos.
Quando rapaz era muito galante e respeitador, por isso mesmo conquistava a confiança das mães das donzelas, para acompanhá-las aos bailes, e das próprias para confidências.
Em 1943, no dia 25 de maio, casa-se com D. Maria Jacy Meira Tanajura, filha do Sr. Antonio Meira Tanajura e de D. Maria da Glória Alves Meira. Desta União teve seis filhos, dezessete netos e cinco bisnetos (até a presente data)
No ano de 1947, por ser muito devoto do Sagrado Coração de Jesus, organizou uma caravana com destino à Gruta da Mangabeira, na Cidade de Ituaçu, na Bahia. Foram a pé para cumprir uma promessa, devido a cura de uma enfermidade de sua esposa. Esta caravana de 13 pessoas, dentre os quais seus dois pequeninos filhos: Marinalva, com três anos e Marinaldo, com um ano, os demais eram amigos e parentes.
Em setembro próximo completará 64 viagens de fé, realizada todos os anos, ininterruptamente, na companhia de familiares e amigos.
De dez anos para cá, a cada cinco anos, tem locado um ônibus, aumentando assim o número de pessoas que ele leva em companhia nessa peregrinação, uma verdadeira demonstração de fé ao Sagrado Coração de Jesus.
Quanto à formação escolar ele fez o curso básico no Ginásio de Livramento, hoje Colégio Estadual João Vilas Boas.
Em 1979 ele realizou um sonho que almejava há muito tempo: conhecer a Europa, em especial o Vaticano.
Hoje aos 95 anos seu Rege possui uma excelente saúde e uma vida bastante ocupada, dividindo seu tempo entre a roça, uma oficina para conserto de “coisas” de um modo geral e o mercadinho que mantém como ponto de encontro como os parentes e amigos. Isto tem contribuído para que ele, nessa idade, seja um homem bastante lúcido e com ótima memória.
Não resta dúvida que estamos diante de um homem simples, sensível, perseverante, temente a Deus e ainda com a capacidade de sonhar intacta.